quinta-feira, 8 de novembro de 2012

VERGONHA PALMEIRENSE

Eu tenho 46 anos e 37 de arquibancada, são mais de 800 jogos no estádio, nunca briguei com ninguém. Já vi meu time perder muitos jogos, já torci para muito time ruim que o Verdão montou.
Eu vi o experiente Leão dar um murro no jovem Careca, ser expulso e o Guarani ganhar de 1x0 e pela primeira vez um time pequeno ser campeão brasileiro.
Eu estava lá no Morumbi quando Serginho Chulapa fez o gol aos 14’ do segundo tempo da prorrogação. Chorei pra caralho.
Eu estava na estreia do Aragonês, eu gritei o nome do Bizu, Buião e Barbosa.
Eu vi o meu Palmeiras ficar em 10º no paulista e ter que disputar a Taça de Prata do brasileirão.
E no ano seguinte disputamos a Taça de Prata de novo, e eu aguentei o Deda e o Darinta.
Eu estava no Parque Antártica e vi Antonio Carlos, Felicio e Wilson Mano marcar gols no  Verdão, e o XV de Jaú desclassificou  meu time num domingo chuvoso.
Eu estava na numerada inferior do Morumbi, para poder invadir o campo pra comemorar o título, a Inter de Limeira não deixou.
Eu fui pra Bragança e presenciei o primeiro Porcus Tristes. No brasileirão só precisávamos ganhar do Vasco, não ganhamos.
Eu estava no Pacaembu, era só ganhar da Ferroviária, Aguirregaray perdeu gol em cima da linha, alguns bandidos foram quebrar nossa Sala de Troféus, eu fui para casa dormir, triste.
Quase chegamos no Paulista, o São Paulo nos tirou na semi, no ano seguinte fomos vice, de novo o São Paulo.
Veio a parceria com a Parmalat e a volta dos títulos, mas mesmo assim algumas derrotas.
Em 94 eu estava lá no Morumbi quando Euller tirou o Palmeiras da Libertadores, com a colaboração do Gato Fernandes
Em 96 estava no Parque Antártica e vi o Dida fechar o gol e tirar uma Copa do Brasil da gente.    
Em 97, mais uma vez no Morumba eu vi o Vasco empatar conosco e depois nos deixar mais um vice.
Em 2000, mais uma vez, eu estava no Morumbi e vi o Boca tirar nosso bicampeonato da Libertadores, nos pênaltis. No ano seguinte o mesmo Boca, de novo nos pênaltis, só que no Palestra, saímos de novo.
Eu vi o Romário fazer três gols e presenciei uma virada histórica na final da Mercosul, no ano anterior a derrota na final foi pro Flamengo.
Vi todo período do “Bom e Barato” que na verdade era ruim e caro, até hoje é assim.
Em 2002 aconteceu o pior, estava lá no Parque Antártica e vi a vitória de 2x1 em cima do ASA de Arapiraca e sermos desclassificados na 1ª rodada da Copa do Brasil, no Paulista fomos eliminados pelos cartões amarelos e no Brasileirão caímos, não contra o Vitoria, caímos pelo péssimo campeonato.
Subimos, pura obrigação, e eu estava lá. Proibido pelos médicos, mas ia assim mesmo. Afinal, não ia deixar meu Palmeiras só por causa de um infartinho.
Pela primeira vez revelamos bons jogadores, que não eram goleiros, mas Edmilson e Vagner Love não ficaram nem um ano e foram vendidos.
Fomos eliminados pelo Paulista de Jundiaí, presenciei a volta da múmia Palaia que já era ultrapassado em 82.
Estava em quase todos os jogos decisivos em que os outros times, que não eram tão grandes quanto nós, agora nos tratavam como pequenos dentro do campo. Os que eram grandes como o meu Verdão a muito nos deixaram pra trás.
Vi a montagem de um grande time em 2008, em que o meu Verdão passou a ser só uma grande vitrine, percebi que os jogadores que vestem a nossa camisa nem sabem o que ele representa.
Eu estava lá quando perdemos um campeonato brasileiro quase ganho. E nesse período os melhores técnicos foram contratados e mesmo assim continuamos a perder de times como Atlético/GO, Goiás e Guarani.
Esse ano perdemos um turno inteiro, perdemos mais da metade dos jogos do brasileirão. Estamos perto de mais uma queda para a segunda divisão, mas ainda acreditamos, num milagre, mas acreditamos, afinal a esperança é Verde.
É lógico que eu vi muito mais vitorias do que derrotas, mas também foram muitas derrotas, muitas decisões perdidas, mas em nenhuma derrota eu me senti envergonhado, eu senti tristeza. Na queda para a segunda divisão eu fiquei uma semana sem dormir, triste, nunca senti vergonha de ser Palmeirense. Se alguém chegar aqui na Vila Ida e perguntarem do Benê, vão ouvir outra pergunta; o Palmeirense? Tenho muito orgulho disso.
Vergonha eu estou sentindo de ao me declarar Palmeirense e saber que esse adjetivo é também usado, indevidamente, por bandidos. Depredar estádios, quebrar troféus, pichar paredes, criar brigas e confusões, agredir jogadores, ameaçar de morte, confrontar a policia, isso sim é uma vergonha. Quem faz isso não é Palmeirense, não conhece a nossa história e não têm o direito de se intitular torcedor do Meu Palmeiras.
Se formos para a segunda divisão será por nossa incompetência dentro do campo do jogo.  Se os bandidos que ameaçam profissionais e envergonham toda uma torcida, e mancham a historia do Palmeiras, querem achar culpados que comecem por seus quadros, pois aí estão os que agrediram jogadores, os que invadiram e depredaram o Pacaembu e nos prejudicaram muito, fazendo um time que já é ruim jogar fora de casa.
Prezados bandidos que se dizem Palmeirenses, bandido não tem caráter, se não agüentam ver o time que vocês, dizem torcer perder, mudem de time, torçam para o time que está ganhando, ninguém que vocês conhecem vai achar estranho, tenho certeza que vocês não devem ser pessoas de palavra. Ou senão, sigam suas verdadeiras aptidões, afinal existem tantos traficantes e quadrilhas precisando de novos membros. Só parem de envergonhar o Palmeiras e os verdadeiros torcedores se dizendo Palmeirenses.

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